O ano novo aí está e como seria bom que o final de 2008 nos tivesse trazido o presente da partida para muito longe das inúmeras aflições com que o sombrio ano velho nos atormentou.
Infelizmente, tudo indica que não é isso que vai acontecer. As famigeradas crises energética e financeira ameaçam apenas aguardar o momento certo para nos desconcertarem com novos e desagradáveis capítulos. A situação económica tende a degradar-se. E, mais grave do que tudo, no horizonte paira o preocupante flagelo de uma grave crise social.
Hoje, já ninguém tem dúvidas de que as dificuldades continuarão a molestar-nos neste novo ano. Já ninguém esconde que as famílias e as empresas vão conhecer dias ainda mais penosos. E todos reconhecem que Portugal, fruto da inacção e de medidas incorrectas, continua sem estar preparado para enfrentar velhos e novos desafios.
Até o Sr. Primeiro-Ministro parece já ter ignorado a narrativa do jardim cor-de-rosa com que andou a tentar enganar-se durante meses para, nas semanas pré-natalícias, anunciar que vem aí o “Cabo das Tormentas”.
Ainda que a custo, a força da realidade lá o vai obrigando, aqui e acolá, a deixar o mundo virtual e colorido da propaganda do discurso oficial, para descer ao universo do quotidiano duro e negro de milhões de portugueses.
Muito para além do discurso oficial, o que importa é que cada cidadão tome verdadeiramente consciência de que é o responsável pela construção do seu projecto de vida e pela escolha do futuro colectivo que melhor acautele o bem comum.
Este novo ano traz-nos, por isso, o condão da esperança. Apesar das enormes sombras e dos inúmeros equívocos que tentar semear à nossa volta, é com esperança que podemos e devemos encarar 2009 e os diversos desafios eleitorais que nos aguardam. Porque, como escreve Fernando Pessoa, “Toda a noite tem manhã”.
Para todos, um bom ano de 2009. Se possível, sem mais equívocos! E com o saudável optimismo de que, inequivocamente, “o futuro é mais belo do que todos os passados” (T. de Chardin).
Rosa Maria Arezes